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Amarelo


A brisa fresca trazia um doce e agradável aroma de cólitas,contrastando com um leve cheirinho de água salgada vindo de algum lugar que a mente preguiçosa não tinha a menor vontade de descobrir no momento. A grama macia parecia-lhe acariciar as pernas, causando pequenas contrações como cócegas em seus músculos e o sol do dia parecia mais do que inspirado. O orvalho da manhã refletia cada raio de sol, como em mil pedacinhos de vidro, em cima das folhas das árvores, logo evaporando-se ou encontrando o chão.
E ali estava ele deitado. Uma sensação de paz e descanso que ele não havia experimentado até então. Apesar do sol, o clima era de primavera. Nem quente, nem fria. Apenas primavera. Alguns cachos brincalhões do cabelo, teimavam em cair-lhe pela testa e eram afastados com um suave tapa da sua mão. Estava bom demais ficar ali só curtindo o tempo passar, mas resolveu afinal se levantar. Não se arrependeu do que viu quando ficou de pé.
A sua frente, se descortinava uma planície recoberta por flores de todos os tipos: rosas, cravos, girassóis, lírios-da-paz, mandevillas, pupunhas, álissos, cupuaçus, avencas, calendulas, camélias,dálias, frésias e tantas outras que não lhe eram familiares e outras que nunca ouvira falar. A relva que recobria essa planície também era de uma textura macia e brilhante. Assim ela se estendia por muitos quilômetros até chegar em uma floresta de bétulas, e ainda mais adiante, em uma cadeia de montanhas muito altas, como uma cordilheira. Olhou para o outro lado e acompanhou desde a relva até o início da areia branca que terminava em um mar azul muito cristalino. Maravilhoso.
Seus olhos escureceram por um minuto, até sua pele sentir o contato quente da mão sobre sua fronte. Como num impulso inconsciente, sibilou dos seu lábios um "Você...". As mãos soltaram sua face, e ele pode ver de novo. Virou-se e a encarou de frente. Contemplou seus cabelos de um castanho-claro quase loiro, escorrerem pelo pescoço, até um pouco abaixo do ombros. Seus olhos castanhos o contemplavam através da lente do óculos de armação preta que ela usava, e seu rosto angular exibia um sorriso de dentes brancos perfeitamente simétricos. Usava uma roupa branca leve, que balançava suavemente com a brisa que atravessava o local. Se abraçaram por alguns momentos.

Sentaram-se na areia, debaixo de uma palmeira que oferecia uma sombra deliciosamente confortável.
- Eu lembro da primeira vez que nos vimos - disse ele por fim.
- Que você me viu, não?- respondeu ela, dando um risinho.
- Ok, ok. Você nem deu conta da minha existência.
- Você me achou metida lembra?
- Hehehe, sim, - continuou ele enquanto ambos riam levemente. - Mas você tinha cara de metida mesmo.
Ela jogou um pouco de areia em cima dele, simulando um "olhe lá, menino.".
E continuou.
- E em menos de 6 meses estávamos juntos.
Ele parou um minuto; ficou sério por alguns instantes. Ela também não falou nada.
Seu cabelo ondulava lentamente e o marulho parecia nem se importar com a presença dos dois à sua frente. Ele falou de novo.
- O que deu errado?
- Não sei. Fomos egoístas, talvez. Estávamos por um fio, mas você ainda tentou mais uma vez.
- Não adianta, eu sou cabeça-dura.
- Não adianta, você é mesmo. - ela sorriu, novamente.
- Pena que não saiu como eu previra.
Silêncio novamente.
- Nós morremos, não é?- perguntou ela.
Ele ficou calado.
- Os paramédicos chegaram,- respondeu ele- e só pude ouvi-los dizer que tinham te perdido.
Seus olhos encheram-se de lágrimas.
- Eu não podia te perder mais. Não de novo.
Ela o olhou com o semblante triste.
- Logo depois,- continuou ele,- eu durmi. Acordei aqui.
Ele segurou a mão dela. Novamente o silêncio.
- Não importa, recomeçou ela. Temos muito tempo para acertarmos as coisas aqui.
Ambos limparam as lágrimas dos rostos. Sorriram um sorriso apertado, quase triste. Ele colocou sua mão no rosto dela mais uma vez.
- Não vai mais precisar disso.- e retirou seus óculos.
O sol brilhou. Amarelo.

Televisão: Heroes


Pessoas no mundo todo manifestam poderes estranhos.
Uma líder de torcida indestrutível.
Um drogado que pinta o futuro.
Um japonês que manipula o espaço e tempo.
E mais uma dúzia de personagens que servem de pano-de-fundo para contar a história dos, na minha opinião, três mais importantes personagens.
Heroes vem sendo considerada a sucessora de Lost, superando até a audiência da companheira de produtora, devido ao seu caráter menos intelectual e mais auto-elucidativo. Devo dizer que os primeiros capítulos realmente me prenderam. Mas a partir do décimo-primeiro, parecia que havia algo errado, pois ficou muito chato. Cada vez perdia mais a vontade de assisti-los. Foi então que assisti o 17º capítulo: Homem de companhia. E aí a série voltou a fazer bonito, num episódio totalmente focado na tal líder de torcida Claire.

Sem contar Hiro, o japa, que é só aparecer para tirar a graça de todos os outros personagens. O personagem ficou tão bem conceituado, que concorreu à um Globo de Ouro para o ator Masi Oka, que infelizmente não levou.
Heroes tem bastante ainda para mostrar. Espero que nesses últimos 5 episódios não lançados, eles possam provar a que vieram.