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The Fountain - Graphic Novel

Certo, essa é a última matéria relacionada ao filme Fonte da Vida.
E nem pretendo escrever muito sobre essa Graphic Novel, porque tudo que já foi escrito se repetiria. No entanto, vale a pena procura-lá. Como não se prende a tempo, nem a orçamentos, a preocupação maior da HQ é enfatizar a história. Há detalhes que revelam muito do filme, que nem mesmo são citados nele, como por exemplo, a revelação de que Conquistador e Isabel já eram amantes, antes de sua partida para a Nova Espanha. Fora esses "extras", temos a arte fenomenal de Kent Williams, retrata de forma bela e surpreedente a história de The Fountain. Para aqueles que como eu amaram o filme, é uma boa pedida.

The Fountain - Soundtrack

Oh caras, vocês devem estar achando que eu enlouqueci por esse filme. É verdade. Mas, a trilha sonora é um caso à parte que eu tenho que comentar. O filme perderia boa parte de seu encanto sem esse trabalho incrível. Clint Mansell, o compositor, já participou de outro trabalho com Darren, em Réquiem para um sonho. Com um estilo lento, mas crescente, trabalhando sempre com instrumentos de corda, atabaques e outros instrumentos arcaicos, Clint consegue manipular sensações do ouvinte, desde a mais leve batida, ao suspense imediato.

"The Last Man (6:09)": A trilha começa com uma música calma, praticamente executada por violinos e celos. É quase uma música de meditação, que consegue mexer com seus sentimentos de forma comovente. Essa trilha dará o tom para as cenas de emoção e calma do filme. Você quase pode sentir uma angústia na procura por uma resposta. Uma sensação muito incrível.

"Holy Dread! (3:51)": Essa é uma música crescente. Começa com atabaques marcando o ritmo e de pouco em pouco, começa a empolgar. O tipo de música que você começa sentado e termina com o pé batendo nervosamente.

"Tree Of Life (3:45)": O clímax da música anterior. Continua o clima de suspense cada vez mais rápido e agressivo.

"Stay With Me (3:36)": Uma das músicas mais lindas do cd. Ainda mais se você lembra dessa cena. Izzy pedindo a Tommy para não abandoná-la no momento da revelação da doença. Uma variação calma da primeira trilha, trabalhada por teclados e menos por cordas, o que dá um sentido de menos angústia e mais tristeza. Toquem essa música no meu enterro por favor.

"Work (2:34)": Work é uma faixa que lembra os momentos maníacos-paranóicos-obsessivos personagens de Darren. Um som repetido, com pequenas variações de harmonia, que dão uma certa claustrofobia em si mesmo, ou seja, como se o personagem estivesse preso dentro de si. Em PI, temos essa sensação nos momentos de esquizofrenia do personagem principal, em Réquiem para um sonho, quando eles estão drogados, e em Fonte da Vida, ele trata a sede pela vida, ou o apego ao trabalho como um outro tipo de doença. Trágico, mas excelente.

"Xibalba (5:22)": Volta a música Zen. As cordas e o teclado executam de maneira harmoniosa um duelo entre a entrega e a teimosia. O cientista continua em sua viagem rumo a nebulosa, o recomeço da vida, mas sem entender seu real significado. A música representa essa busca do entendimento, que ficará claro só no final do filme.

"First Snow (3:08)": A frase culminante do filme. A música mostra a indecisão do cientista. Aproveitar com Izzy seus últimos momentos ou procurar a cura para ela? A decisão determina o clímax. E agora ele sabe que esse é o ponto. Mas, não há como voltar atrás. Ou há?

"Finish It (4:25)": A trilha começa a preparação para o clímax. O pedido de Izzy. Lentamente, volta e meia parando...e recomeçando mais forte.

"Death Is The Road To Awe (8:25)": As três histórias se ligam, quando a compreensão atinge o cientista futuro, auxilia o Explorador e finalmente chega ao Tommy presente. Essa música é sem dúvida o ponto alto do filme e da trilha sonora. Mistura os elementos usados nos três tempos da história: os atabaques do passado, as cordas do futuro e o teclado do presente. O sintetizador, que simula a paranoia ou obssessão está presente, mas cada vez mais obstruído pela compreensão do todo, a revelação de que a morte é apenas a transição da matéria. O ápice do explorador se encontra quando após beber a seiva da árvore da vida, ele entende que através da morte, a verdadeira vida floresce. Logo após, a música mostra o ápice do cientista. Dentro de Xibalba, a nebulosa, ele compreende que o maior se encontra quando a alma é liberada da sua prisão o corpo. e nesse momento ele transcende. Uma das cenas mais magníficas é acompanhada de perto pela trilha. O clímax, as vozes, a bateria, os violinos, o teclado. tudo mostra a insignificância que somos, e a beleza da última entrega.

"Together We Will Live Forever (5:01)": Duas histórias paralelas se encerraram. As duas metáforas para o tempo presente. É hora de Tommy confrontar a realidade. A trilha segue uma melodia triste mas esperançosa no piano. A falta, todos os sentimentos de perda já personificados nas músicas voltam de forma calma e sem ataque, mas num dedilhado simples e lindo. Resta a Tommy, plantar uma semente no túmulo de Izzy. A representação final, mais singela e bela da vida que surge da morte.

As 7 hqs mais incríveis que já li


Todo mundo gosta de um top "as melhores", top "os piores", top " less".
Seguindo então a tradição iniciada pelo Cássio com os 7 filmes mais inteligentes que ELE viu ( concordo com alguns, mas entre outros, já vi melhores), vou passar as 7 HQs mais incríveis que eu já li. Pra começar, não darei prioridade para editoras, masuma ou outra irá se sobressair entre elas.

Sem mais delongas, o sétimo lugar:

7º - Wanted (História de Mark Millar e desenhos de JG Jones) : Uma série fora do comum, que me deixou com o estômago revirado por alguns dias. Primeiro, por enfocar o ponto de vista de um vilão. Mas não um vilão que pode ser bonzinho ou com bom coração. Um vilão ruim MESMO, capaz de deixar com medo qualquer Mum-Rah da vida. A hq conta a história de um rapaz, que é um tremendo loser, corneado pela namorada com o "melhor amigo", mandado pela chefe sapatona e menosprezado por todos a sua volta.(E outra(e isso é pessoal): Ele eh a lata do Eminem. Easter egg do desenhista que além do rapper, coloca Hailey Barry como a comparsa do rapaz e mais outras situações e referências diretas a heróis que todos conhecemos.) Um dia, porém, descobre que na verdade ele é filho do maior vilão do mundo e aí que começa a farra. Lembra das cenas cômicas do Peter Parker descobrindo os poderes no primeiro filme do Homem-Aranha???
Esqueça.
O treinamento do rapaz consiste em matar animais vivos com motosserras, ser surrado e torturado até aprender a não pedir misericordiosa e por último, dar a desforra na sua antiga vida. Tudo isso, para assumir seu lugar na Sociedade dos Vilões, que tomou o mundo 16 anos atrás matando ou incapacitando todos os heróis existentes, fazendo o mundo pensar que nada disso aconteceu e assim, controlando o mundo. Mas, uma traição começa a tomar forma na sociedade e é aí que a história esquenta.
Mark Millar sem dúvida tem o dom de fazer um roteiro adulto, com momentos escrachados geniais e perturbadores. Sangue e violência é o que não falta em suas histórias, que mesmo fantásticas, tem uma tridimensionalidade incrível que nos faz sentir vertigens sempre quando a lemos. JG Jones, o desenhista, tem um traço obviamente homenageador a outro companheiro de Millar, Bryan Hitch, tanto pelos "astros" de cinema que estrelam seus desenhos, como pela colorização que varia de situação para situação, quase exprimindo os sentimentos em dado momento.
Agora, se essa história ficou em 7º, imagine as outras.

6º - Os Supremos(História de Mark Millar e desenhos de Bryan Hitch) - E aí está o Millar de novo. Eu sou fã desse cara não adianta. Os Supremos foi definitivamente o gibi que me fez gostar dos gibis. Millar faz com personagens clássicos do Universo Marvel uma releitura surpreendentemente crível e realista, adaptando-os a nossos sistemas de governo e dando explicações mais reais para seus poderes fabulosos. Bryan Hitch transformou Nick Fury em Samuel L. Jackson, Steve Rogers em Brad Pitt, Tony Stark em Johnny Deep(em Os Supremos Volume 1, Nick Fury comenta sobre a escalação de elenco para o filme dos Supremos, em uma das cenas mais hilárias das Hqs).
Com profundo teor político, a história contesta o abuso de poder dos americanos, que sempre buscam controlar o resto do mundo, dessa vez através de uma equipe de super heróis. E no final do segundo volume, vemos Os Supremos se tornando uma organização independente financiada por Tony Stark com o nome de... oh, nem preciso falar não é mesmo?

5º - Marvels(História de Kurt Busiek e pinturas de Alex Ross): Tem certos nomes que nos obrigam a comprar uma HQ, seja por roteiro ou pelos desenhos. Quando você lê em uma revista o nome Alex Ross, você automaticamente tira ela da prateleira e desembolsa a grana que for para comprá-la. Isso porque, o cara é sem dúvida um dos maiores desenhistas de super-heróis de todos os tempos. Marvels definitivamente jogou ele ao mundo que imediatamente se apaixonou pela realidade tátil e colorização absolutamente incrível do rapaz. Basta dizer que até hoje ele é lembrado por essa obra, que narra o surgimento do heróis Marvel, aos olhos de um fotógrafo. Isso faz os leitores verem o porque dos mutantes serem odiados, da desconfiança em relação aos heróis, os medos e as reviravoltas que se passam pela cabeça do povo. Destaque para a foto que ilustra a 3º edição, onde o anjo leva uma garotinha mutante nos braços, enquanto a multidão protesta e o apedreja. No entanto, talvez pelo início de carreira, existem certos aspectos de sua pintura que não tiveram uma boa qualidade. Erro concertado com o nosso 4º lugar.

4º - O Reino do Amanhã( História de Mark Waid e Pinturas de Alex Ross): Além dos desenhos cada vez melhores de Alex Ross, um clima sombrio é instaurado pelas pinturas. Com a morte de Sandman(vocês saberão quem é ele mais tarde), o Espectro precisa de um guia a quem revelar o futuro. Para isso, ele invoca um pastor batista. Lá, ele descobre que o mundo atual, abandonado pelos heróis, corre o risco de se transformar em alguns anos, em um enorme campo de batalha dos poderosos. Ele vê o Superman restaurando a LJA, ao mesmo tempo que Lex Luthor se alia ao Batman, Shazam, Arqueiro Verde e outros para ccombater o Super e seus amigos. É interessantíssimo ver o futuro de heróis tão populares, e descobrir pouco a pouco o porque do mundo ter ficado tão terrível. Alex Ross se tornou então quase excluisvo da DC Comics. Mas ainda assim, não passou do 4º lugar. Afinal, a habilidade com o pincel, não é tudo.

3º - O Cavaleiro das Trevas(História e desenhos de Frank Miller): Como eu disse sobre Alex Ross, há certos nomes que, vistos em uma hq, nos forçam a comprá-la. Frank Miller é outro. Final dos anos 80, Batman estava mal roteirizado, mal desenhado e vergonhosamente representado. Foi aí que a DC resolveu pegar o cara que tinha levantado a bola do Demolidor e o colocou em um projeto aparentemente impossível de ser alcançado: Revitalizar um de seus personagens mais complexos e inteligentes. Surgiu então o maior clássico dos quadrinhos de Batman, O CAVALEIRO DAS TREVAS.
Você não pode se considerar um verdadeiro HQófilo sem ter lido essa obra-prima, que serviu de base para remodelar o caráter e personalidade do personagem nos anos que se passaram. Tudo começa quando, após o governo ter proibido atos super heróicos quase 20 anos atrás, a onda de crime em Gotham City atinge um nível nunca visto antes. Bruce se debate durante algum tempo, mas decide voltar ao vigilantismo. Porém, suas dificuldades irão além do cansaço físico e de pequenos criminosos. Pois um certo Super ainda trabalha para o governo.
Os desenhos de Miller podem causar estranheza de início, mas ao passar do tempo se mesclam de tal forma a história que quase não há como desvinculá-lo. A narrativa é bastante extensa, fazendo com que leitores mais acomodados não gostem dos diálogos gigantescos ou a ordem disposta na página, mas é esse caos que interessa na obra.
Mesmo assim, há duas HQs que ainda se sobressaíram mais do que as outras. Vamos dizer que a distância do primeiro para o segundo lugar foram quase imperceptíveis...

2º- Preacher(História de Garth Ennis e desenhos de Steve Dillon): Quem teve a oportunidade de ler algo de Garth Ennis sabe que o cara é um gênio em tema de conspirações e guerras. Para os iniciantes recomendo o arco do Motoqueiro Fantasma, " Estrada para a danação", para ter uma idéia de como ele conduz suas histórias. Cheio de estilo, reviravoltas inesperadas e tramas pra lá de complexas, sem contar 8 palavrões a cada 10 palavras faladas, ele questiona, anarquiza todos dogmas e ideais que pudermos imaginar. Então, pra quem tem estômago fraco, não gosta de sair do lugar comum de outras histórias ou/e acha que o conteúdo da história é muito pesado, realmente, não leia.
A história mesmo é bastante polêmica.

Preacher conta a história de Jesse Custer, um ex-pastor que foi possuído por uma entidade sobrenatural que lhe confere o poder de fazer com que qualquer pessoa o obedeça. Essa entidade (chamada Gênesis) é fugitiva do Paraíso e os anjos a procuram para prendê-la novamente. Quando descobrem que ela e Jesse Custer se tornaram um só, a objetivo passa a ser matá-lo. Para isso ressuscitam um matador do século XIX, o Santo dos Assassinos e enviam em seu encalço.

O destino faz com que Jesse venha a encontrar sua ex-namorada, Tulipa e junto dela o personagem mais excêntrico da revista, o vampiro irlandês Cassidy. Ambos passam a acompanhá-lo em sua fuga tanto da polícia quanto do Santo.

No fim do primeiro arco de histórias, Custer confronta um dos anjos e extrai dele as informações que lhe faltavam para compreender toda a situação, como o origem de Gênesis (o filho mestiço de um anjo e um demônio). Ao perguntar porque o próprio Deus não conserta a situação o anjo conta que deus teria desistido da humanidade e abandonado o céu.

A partir desse momento, Custer decide o que fazer de sua vida. Ele toma a insólita decisão de procurar por Deus em pessoa e lhe cobrar explicações. Na busca pelo seu objetivo encontra os mais diversos obstáculos: assassinos seriais, a polícia, o próprio santo e organizações secretas como o Graal.

Os desenhos são cheios de estilo e a história colabora. Vamos resumir mais ou menos assim(isso eu li em uma comunidade e realmente, é a melhor descrição da HQ(perdoem-me pelo que irei falar)): Preacher é a única HQ, onde um personagem manda outro ir se F***, e o cara literalmente faz isso.

E no primeiro lugar(rufem os tambores):

SANDMAN (história de Neil Gaiman e desenhos de um monte de gente diferente) - O desenho do personagem, criado no final dos anos 80, foi totalmente inspirado no vocalista do The Cure. E ficou ótimo. Neil Gaiman enche suas histórias de referências. Tanto a mitologia quanto a super-heróis. Muitos personagens vistos superficialmente em uma história se tornarão importantes em histórias futuras. Ações tomadas serão cobradas. Tudo em Sandman terá repercursões ou citações mais adiante. As capas sempre são desfocadas lembrando um sonho ou pesadelo, sempre revelando dados importantes sobre uma história. Há ainda os extensos momentos onde o autor filosofa de maneira incrível, momentos da história que são repaginados pela presença do Perpétuo. Basta dizer que Sandman é tão fabulosamente inteligente que foi o primeiro e único quadrinho que é considerado literatura em todo o mundo!

Sonho (que também é conhecido como Morpheus,Sandman, Oneiros, Oniromante e Lorde Moldador, entre outros nomes) é o governante do Sonhar. Ele é um Perpétuo - os Perpétuos são manifestações antropomórficas de aspectos comuns a todos os seres vivos: Destino, Desencarnação (ou Morte), Devaneio (ou Sonho), Destruição, Desejo, Desespero e Delírio.

Sonho é um herói nobre, trágico, no estilo tradicional dos heróis da tragédia grega. As vezes parece insensível, outras meditativo, mas invariavelmente melancólico. Já seu lado mais racional está sempre ciente de suas responsabilidades, tanto para com as pessoas comuns, quanto para aqueles de suas terras. Compartilha de uma ligação recíproca de dependência e de confiança com sua irmã mais velha, a Morte. Ele se esforça vigorosamente em compreender sua natureza e a dos outros Perpétuos.

Sua história não segue uma linha cronológica precisa, mas nós o acompanhamos a partir do momento em que ele é aprisionado por uma seita e ali fica por um século. Quando finalmente consegue fugir, vê seu reino destruído e tem que retomar seus artefatos mágicos. E por aí segue.

Sem dúvida essa é uma história imperdível que merece ser, pelo menos, espiada( e pelo menos, ela não é tão blasfema quanto Preacher!).

Taí minha opinião, pessoal. Só vale lembrar que tem algumas hqs que eu postei aqui que não são menordeidade recomendadas ok?

; )


A Fonte da Vida ( The Fountain)


A morte sempre representou, para muitas culturas, não o fim, mas o início de algo maior. O budismo, cristianismo, civilizações latino-americanas, persas e fenícios, sempre acreditaram que havia algo maior que a vida após esse período na Terra. No entanto, a incerteza do que vem a seguir, nos faz temer o futuro e tentar adiar nossa ida para a próxima etapa de nossa alma, que acredita-se ser imortal.

É nesse contexto que se desenvolve o novo filme do diretor-autor Darren Aronofsky. A história se deserola entre três linhas temporais diferentes, mas que levam sempre a mesma conclusão ao final do filme. A primeira linha simboliza o passado, na época da dura Inquisição Espanhola. Lá, a mando da rainha Isabel (Rachel Weisz), o valente Conquistador (Hugh Jackman) parte para a América Central para descobrir a única salvação para o reino da Espanha: uma árvore que concede a vida eterna. Na segunda história, o brilhante cientista Tommy Cario (também representado por Hugh Jackman, assim como sua esposa, novamente representada por Rachel), descobre que sua esposa Izzi tem um câncer em estágio terminal e corre contra o tempo para evitar que ela morra. A terceira linha se desenvolve no futuro, onde o cientista viaja em uma nave, em direção a uma estrela morta. Durante toda a película, as histórias se sobrepõe, para nos últimos instantes, se entrelaçarem em uma conclusão fabulosa.

Nas três histórias, dois fatores são predominantes: A árvore da Vida, que se supõem ser a árvore descrita no Jardim do Éden e o fato dos personagens de Jackman sempre ansiarem acima de tudo, pela vida. E essa busca desenfreada os faz ficarem cegos para as coisas ao seu redor. Enquanto isso, a personagem de Rachel Weisz, aceita a vinda da morte como algo natural e tenta convencê-lo a aceitá-la, como parte da vida.

Hugh Jackman perde toda caracterização de Wolverine que se esperava ser sua marca registrada, assim como outros atores ficam marcados em certos personagens pelo resto de suas vidas. Mas, ao encarnar o cientista, explorador e viajante, pode se notar uma qualidade de atuação magnífica de sua parte. Rachel Weisz é um caso à parte. Ela é linda no seu modo de ser linda. Os efeitos de luz quando ela é a Rainha Isabel tornam-na quase um anjo na presença de seres imundos e pestilentos. E durante as outras cenas é sempre ela que preenche o cenário. E Darren sabe usar as tomadas certas com ela, afinal, ela é sua esposa.

Outro ponto forte, é a direção competente e diferente que Darren proporciona. Assistir a um filme dele é mais do que assistir um filme. É refletir sobre um assunto, seja ele a loucura e paranóia (em Pi), a solidão e as drogas (em Réquiem para um sonho) ou a superação da morte. E não só do ponto de vista da história, mas também da técnica por ele empregada. Diferentes da maioria dos filmes que utilizam computação gráfica para produção de certos efeitos, em The Fountain, são utilizadas reações químicas filmadas por câmeras microscópicas, que produzem efeitos incrivelmente diferenciados e lindos.

A iluminação predominante do filme é o amarelo dourado. De acordo com a tradição budista, essa cor significa a renúncia ao mundo profano. Isso explica em boa parte alguns pontos do filme que podem passar despercebidos sem a devida cautela e que ajudam a entender melhor o todo do filme. No passado, o amarelo é pouco visto, excetuando claro, no vestido de Isabel e no momento em que Explorador encontra a Árvore. No presente, o amarelo é obscurecido pelo preto, ou seja, o mundo e a ciência (ou razão) são tão fortes e presentes no laboratório de Tommy, que não há espaço para o sobrenatural, ou a transcendência. Já no futuro, o personagem devidamente preparado e entendido se entrega à nebulosa amarela na cena clímax do filme, aceitando a morte e alcançando sua totalidade, ou se preferir, não temendo mais a morte. A busca de Conquistador, termina de forma parecida, mas mostrando que a vida eterna só é possível, através da morte.

"Remember: Death is not the end...It is only a transition" - Dream Theater