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X-Men Origens: Wolverine - Filme segue a fórmula básica dos quadrinhos do carcaju


X-Men conseguiu um fato histórico inalcançado até hoje: teve a edição número 1 no final dos anos 80, relançada e com mais de 1 milhão de cópias vendidas. No final da década de 90, a adaptação ao cinema fez sucesso e a trilogia arrecadou mais de 1 bilhão de dólares em cinemas do mundo inteiro. O personagem mais famoso do grupo, não é mais o destemido líder dos quadrinhos, o mutante Ciclope, mas sim o anti-herói mais mal-encarado e sanguinário da MARVEL: Wolverine. Com tantas cifras e estatísticas, não foi uma surpresa quando a Fox anunciou o derivado da série principal, que chega agora aos cinemas.

Origens mostra o carcaju James Logan desde o momento da sua primeira mutação, passando pelas inúmeras guerras, a transformação de seu esqueleto no metal adamantium e, finalmente, como ele perdeu sua memória.

Quem já leu algo da carreira solo do mutante, já sabe: Ele fala pouco. Ou melhor, todo mundo fala pouco. Normalmente começa com ele "matando uma breja", alguém puxa briga, ele destrói o bar e sai de cabeça erguida, dizendo que ele é o melhor no que faz. Segue então perseguições, brigas e muita pancadaria. Frases de efeito, mas o que vale mesmo é os desenhos das lutas. O filme não muda muito. Explora muito bem o lado visual. A abertura é uma das melhores do ano, perdendo para, claro, a maravilhosa cena de Watchmen.

Até para pegar censura leve, o filme poupou no sangue e nas cenas de mutilação. Tudo é muito politicamente correto. Parece haver uma linha, que joga muito bem com as cenas mais fortes e até a pegada violenta do roteiro, para o rating 13 anos. Assim, não tenha medo de levar seus sobrinhos ou irmãos mais novos. As cenas de ação são empolgantes e poucos momentos você pode respirar e relaxar. Destaque para Liev Schreiber, ótimo como Victor Creed, o Dentes-de-sabre.

Como fã, fiquei bastante decepcionado com os rumos óbvios que o roteiro toma. Podia ter explorado muito mais a perturbação do protagonista e o lado animalesco de Wolverine, que mais parece um rapazinho assustado do que o demônio que é "o melhor no que faz". As inserções desnecessárias de personagens jogados ao acaso também não animam muito, mas perto do final, algumas coisas justificam a aparição e deixam em dúvida outras.

Assim, X-Men Origens: Wolverine, passa a ser um ótimo entretenimento para o fim-de-semana, mas que não deve ser levado tão a sério. Leve um balde de pipoca e refri gigantes para o cinema, esqueça a cabeça em casa e deixe-se levar pela adrenalina. Nisso você pode ter certeza: ele é o melhor no que faz.


X-Men Origins: Wolverine

EUA, 2009 - 107 min
Aventura
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff e Skip Woods
Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Will i Am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney, Ryan Reynolds

Mostra Famecos - 5 curtas dos alunos da PUC

Na tarde de sábado, depois de ter a péssima notícia de que não poderia assistir ao Golden Fighters, sobrou acompanhar uma mostra de curtas no SANTANDER CULTURAL, dos alunos da FAMECOS. O que apareceu naqueles poucos minutos de projeção foram novas e interessantes propostas para um cinema autoral. Apesar do medo de trabalho visual, em alguns casos, as narrativas eram em sua maioria com técnicas diversificadas e que exploravam bastante a paleta de sentimentos humanos.

Sem mais delongas, os filmes:

Ela, Eu - Maurício Côrrea: O curta que abriu a sessão era lento demais. Podia ser mais interessante: A história mostra um homem sem emprego e sem sentido na vida. A agonia e o tédio são sentimento presentes em sua vida. O único conforto é dormir e sonhar. Como não se empenha em fazer algo a mais, dificilmente consegue dormir. E aí, a perturbação da realidade cotidiana mostra-se cada vez mais insuportável. Pena que as soluções fracas não ajudaram e o filme passa apenas como um borrão de mau humor no passado.

Tudo bem - Gabriel Dinnebier e Francisco Milanez: O segundo curta quebrou o clima pesado do primeiro, em uma história de traição imprevisível. Em uma reunião de amigos, dois dos participantes traem seus cônjuges. Mas, as escolhas que seriam mais óbvias para o traído, não são aquelas que nós esperamos. Mais movimentado e divertido, o filme flerta com o perigo ao mostrar as diversas linhas narrativas que podia ter seguido. Se supera e vai bem. Boa fotografia e tomadas bem produzidas. Boa direção de elenco.

Anagrama - Fernanda Severo e Jaqueline Debastiane: Um homem preso num quarto com jornais. Um poema ou um jogo de palavras. Sem dúvida, o curta mais profundo dos outros. Montagem excelente e ótima fotografia. Difícil, mas com uma ótima produção. Lembra Pi, de Darren Aronofsky, mas, não é pra qualquer um. Som competente e um produto final inteligente.

Longe de Casa - Maria Clara Bastos: O curta mais singelo e mais completo da sessão. Não é chato, é poético e muito bem estilizado. Um homem e uma garota em um quarto de hotel, conversando sobre suas vidas. A trilha sonora completa bem o filme, não força qualquer sentimento. Os atores foram muito bem escolhidos e os diálogos muito bem escritos. Um achado.

Farrapos com Ramiro - Fernanda Severo e Gabriel F. Cunha: O mais subestimado dos curtas, mas o mais divertido e ácido. Despojado, mostra dois jovens sem pretensão alguma jogando fora uma tarde e debatendo a cultura pop dos anos 90. Não adianta, se você não foi criança ou adolescente nessa época, vai boiar. Nessa proposta vintage, o filme foi taxado de universitário demais quando, pelo contrário, é o menos universitário dos 5. Boas tiradas com a geração youtube.

Dragonball: Evolution - O filme quase engana. Quase...


Baseado em uma das séries japonesas de maior sucesso no mundo inteiro, Dragonball: Evolution tinha tudo pra dar certo ou errado. Tinha um diretor que não era dos piores, tinha um produtor que criou pérolas da comédia oriental, como Kungfusão e Shaolin Soccer, assim como tinha um protagonista americano e desde as primeiras fotos, distoava da proposta do anime. O resultado final, transformou toda expectativa, em uma certeza: foi uma péssima idéia.

A história mostra Goku, um jovem que sente-se deslocado no mundo. Após a morte de seu avô, parte atrás das esferas do dragão, na tentativa de salvar o mundo da destruição. Juntam-se a ele a aventureira Bulma, o tarado mestre Kame e o ladrão Yamcha, para derrotar o demônio Piccolo.

Quando começa a projeção e você nota que é dublado, um frio percorre a espinha. As primeiras cenas não ajudam muito. Mas, daí pra diante, apesar da obviedade do roteiro, o filme não é tão ruim assim. Tem referências interessantes, piadas engraçadas e até gostamos da dublagem, já que é a mesma do desenho animado. O filme seria suportável, mas a partir da cena do vulcão, torna-se ridículo. E dali em diante é uma maratona vertiginosa até o vergonhoso climax, longe da fonte original e desnecessário.

A atuação sem vontade de Just Chatwin enterra de vez o filme. O ator não parece gostar em momento algum do que está fazendo. Dá pra entender. Mas, no final, a melhor coisa a fazer é esquecer essa experiência desagradável e nunca mais(NUNCA MAIS) tentar mexer com Dragon Ball. O resultado péssimo nas bilheterias é uma ofensa ao legado da série. E que continue como uma boa lembrança das nossas infâncias e adolescências, a verdadeira saga do verdadeiro Son Goku.

Grande Prêmio Brasil de Cinema - A Academia Brasileira mostra autenticidade nas escolhas



O cinema brasileiro passa por uma fase de renovação incrível e reconhecimento internacional. Tropa de Elite levou o urso de Ouro em Berlim, Linha de Passe ganhou o prêmio em Cannes para melhor atriz e Ensaio Sobre a Cegueira(do já cultuado Fernando Meireles) abriu o festival; e Estômago, um filme independente, pouco conhecido por aqui, virou febre no resto do mundo. Por isso mesmo, a academia teve que pensar muito, na hora de decidir os melhores do ano.

A questão é: segue aquela elitização nas indicações. Era óbvio que os filmes globais têm maior privilégio sobre produções independentes. Meu Nome Não é Johnny recebeu 14 indicações ao prêmio, junto com Estômago, filme com um orçamento bem menor e que não fez tanto sucesso nos cinemas daqui. Ensaio sobre a Cegueira, filme baseado na obra do nobel Saramago veio na esteira, com 13 indicações. E foram eles que dominaram a premiação. Os outros dois principais concorrentes, O banheiro do Papa e Linha de Passe(ambos produções de altíssima qualidade) saíram de mãos abanando.

No final das contas, foi o nosso Slumdog Millionaire(filme com pouca credibilidade no lançamento, baixo orçamento) que ganhou a noite. Das 14 indicações, levou cinco prêmios, incluindo o de melhor Filme pelo público e academia, melhor diretor e história original. Meu Nome não é Johnny levou mais: 6 prêmios, incluindo melhor ator, atriz coadjuvante e roteiro adaptado. Já Ensaio sobre a Cegueira dominou nas categorias técnicas.

Fico com uma boa sensação dessa premiação. Estômago foi realmente uma surpresa agradável. Poucos imaginaram que o filme chegaria tão longe. Por isso, fica ainda mais duvidosa a escolha de Última parada 174 para concorrente brasileiro ao Oscar. Parece que a secretaria do audiovisual não está utilizando os critérios corretos para dar seu "One shot" no ano. Falta mais ousadia, arriscar no diferente. "O ano em que meus pais sairam de férias" era sem dúvida um ótimo filme, mas porque não apostar no sucesso cru e violento de Tropa de Elite? Apostar em fórmulas consagradas está longe de ser uma boa idéia na disputa para o maior prêmio do cinema mundial. Quem sabe não é hora de seguir o exemplo da Academia Brasileira de cinema?

A seguir, a lista dos vencedores:


Melhor Longa-Metragem De Ficção

* Estômago

Direção

* Estômago - Marcos Jorge

Ator

* Meu Nome não é Johnny - Selton Mello

Atriz

* Nome Próprio - Leandra Leal

Longa-Metragem De Documentário

* O Mistério Do Samba

Roteiro Original

* Estômago - Cláudia Da Natividade, Fabrízio Donvito, Lusa Silvestre e Marcos Jorge

Roteiro Adaptado

* Meu Nome não é Johnny - Mariza Leão e Mauro Lima

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro

* Vicky Cristina Barcelona(Vicky Cristina Barcelona, Ficção, Espanha/Inglaterra)

Melhor Longa-Metragem Infantil

* Pequenas Histórias

Melhor Longa-Metragem De Animação - Menção Honrosa

* O Garoto Cósmico

Melhor Ator Coadjuvante

* Estômago - Babu Santana

Atriz Coadjuvante

* Meu Nome não é Johnny- Julia Lemmertz

Trilha Sonora Original

* Meu Nome não é Johnny - Fabio Mondego, Fael Mondego, Marco Tommaso e Mauro Lima

Trilha Sonora

* Os Desafinados - Wagner Tiso

Melhor Som

* Meu Nome não é Johnny- Amando Torres Jr, François Wolf e George Saldanha

Efeitos Visuais

* Ensaio sobre a Cegueira - André Waller, Renato Tilhe, Ricardo Gorodetcki e Tamis Lustre

Montagem De Documentário

* O Mistério Do Samba - Natara Ney

Montagem De Ficção

* Meu Nome não é Johnny - Marcelo Moraes

Direção De Fotografia

* Ensaio sobre a cegueira- César Charlone

Direção De Arte

* Ensaio sobre a cegueira- Tulé Peake

Melhor Maquiagem

* Ensaio sobre a cegueira - Micheline Trépanier

Melhor Figurino

Chega de saudade- André Simonetti

Filme Nacional pelo Voto Popular

* Estômago

Melhor Filme Estrangeiro pelo Voto Popular

* Vicky Cristina Barcelona, Ficção, Espanha/Inglaterra

Melhor Curta-Metragem De Animação

* Dossiê Rê Bordosa

Curta-Metragem De Documentário

* Dreznica

Curta-Metragem De Ficção

* Café Com Leite

Cães de Aluguel - Quando Tarantino estourou


Depois de muito tempo postergando esse momento, finalmente consegui assistir um dos clássicos da última década e estréia de Quentin Tarantino. Com diálogos inteligentes, tensão, personagens marcantes e estética apurada, o diretor vomitou tudo aquilo que absorveu durante sua vida. Abriu assim, um caminho marcado por filmes diferentes e geniais.

A história mostra seis homens que planejam roubar uma joalheria. Quando tudo dá errado, eles tentam fugir. Três chegam ao ponto de encontro. Um deles feridos. Entre as suspeitas, um traidor no grupo. Mas, quem?

O filme catapultou a carreira da maioria dos envolvidos. Entre todos eles, destaque especial para Michael Madsen, o Mr. Blonde. O psicótico canastrão é a marca de Tarantino. Debochado, ele pouco se lixa para o sangue ou para a morte. Importa causar dor, chocar, mas se divertir. Ouvindo boa música, ele protagoniza a cena mais bizarra do filme(envolvendo um policial, uma navalha e litros de sangue). Tim Roth também sai muito bem no filme, no papel de Mr. Orange, assim como Steve Buscemi(Mr. Pink), Harvey Keitel(Mr. White) e o próprio diretor, no pequeno papel de Mr. Brown.

Tarantino sabe como escrever bons diálogos e ponto final. Não apenas bons. Inesquecíveis. Marcantes. E eu acho que nem há muito mais a falar. Basta lembrar da genialidade da cena de abertura de seu segundo, e melhor filme até hoje, Pulp Fiction. Dá pra saber também o porquê de querer tanto trabalhar com seus já conhecidos protagonistas.

Como primeiro filme, Quentin consegue muito mais do que apenas chocar: ele impressiona. E muito bem.