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A pedra mágica - Aventura apresenta às crianças, narrativa não-linear


Pequenos Espiões é uma série que rompe com os clichês monótonos de filmes infantis. As situações absurdas continuam, as lições de moral também. Mas é no desenvolvimento das histórias que a criação de Robert Rodriguez ganha vida e originalidade. Caricaturiza os adultos, exagera no tom teatral e carrega a mão nos efeitos especiais. O sucesso dos três filmes deu-se pela audácia do diretor, que volta em um filme tão bem realizado quanto os anteriores.


Aparentemente banal, o próprio nome brasileiro do novo filme do diretor nos deixam de pé atrás: A pedra mágica mostra um garoto, em uma cidade qualquer do mundo, que encontra uma pedra que realiza todos os seus desejos. Não é preciso dizer que todos vão querer a pedra em seu poder durante o filme.


É quando mais uma vez, Rodriguez mostra sua originalidade. Ao invés de usar a cronologia normal dos fatos, ele usa um roteiro não-linear para contar a história. Lembra de Pulp Fiction, que contava diversas histórias fora de ordem? Digamos que A pedra mágica faz isso, e apresenta a técnica para crianças, em forma de pequenos contos espalhados pelo filme fora de ordem. Isso captura a atenção das crianças e adultos que vêem uma nova forma de construir uma história sem deixar de ser infantil ou ser complicado.


Fora isso, volta a caricaturização dos personagens, e que brinca com os estereótipos para esse tipo de filme. Boas piadas e ótimos efeitos completam a história, que até perde o ritmo em certo ponto tem certos furos no roteiro, mas melhora no conjunto. Destaque especial para a história paralela dos irmãos que decidem brincar de quem pisca primeiro.


Uma ótima diversão para toda a família, com a marca de qualidade Robert Rodriguez.

37º Festival de Cinema de Gramado - 2ª Parte

Já passou a premiação, já acabou o festival. Mesmo assim, é bom você saber o que aconteceu nos últimos 3 dias do evento de cinema mais famoso do RS.

Nochebuena, de Maria Camila Loboguerrero: O cinema colombiano teve referência no Festival do ano passado, com o violento Perro come Perro, um genérico de Cidade de Deus. Não que isso realmente signifique que o filme seja bom, porque eu pessoalmente não gostei de Nochebuena. Talvez, por ranha da minha parte, mas não aconteceu a química. O filme me pareceu bobinho e sem graça. Felizmente, gostei do final, diferente da maioria das comédias já assistidas.

Corumbiara, de Vincent Carelli: Ninguém esperava muito sobre um documentário indígena. E todo mundo ficou surpreso com o documentário vencedor do Kikito de melhor filme. Intrigante, o que chama a atenção nele é a forma como o diretor narra a história que é tão sua quanto dos índios. Durante vinte anos, ele tenta salvar índios isolados, massacrados e esquecidos de fazendeiros inescrupulosos, em Rondônia. Durante esse tempo, vemos não apenas seu desgaste físico, mas também moral. Aos poucos o diretor e seu colega param de tentar fazer o documentário, para, pelo menos, juntar provas ao Ministério Público. O ponto alto do documentário são os contatos com índios que nunca haviam encontrado o homem branco. Há certas cenas que eles parecem ets. Outras, a tensão é enorme na tentativa de provar que eles existem. Um filme político e forte, mas que mereceu sem dúvidas, o prêmio de melhor do Festival.

Lluvia, de Paula Hernández: Depois da rainha dos baixinhos, a sessão esvaziou. Sabiamente, Zé Victor Castiel soltou um irônico "Voltemos ao cinema!", aplaudido pela platéia que ali estava. Um filme singelo, uma história de amor às avessas é o que se pode dizer de Lluvia. Ele se passa em 3 dias de chuva na cidade de Buenos Aires, onde o destino de uma garota que mora num carro e um espanhol misterioso vão ser muito mais parecidos do que imaginam. O filme explora a nuance de personalidade desses dois personagens, muito bem construídos. Enquanto o espanhol se abre ao máximo com a moça, ela parece se resguardar cada vez mais. Mas, não é isso que transparece à primeira vista. Justíssimo o prêmio de melhor filme estrangeiro pelo Júri Popular.

Em teu Nome, Paulo Nascimento: Definitivamente, não sei o que nesse filme fez as pessoas o aplaudirem de pé. É mal montado, tem uma trilha irritante, interpretações calhordas e um tema batido: ditadura militar no Brasil. A iluminação estourada é feia, a câmera que treme o tempo todo irrita, o didatismo das cenas. Por exemplo: há uma personagem torturada. Nós sabemos que ela sofreu. Mas, o diretor repete isso a cada 10 minutos na tela até a cena clímax e desnecessária, onde ela fala "eles se masturbavam na minha cara". Pior que isso só em outro momento alto do filme, onde o protagonista, falando sobre a importância da luta pela liberdade deixa a bola picando para sua namorada soltar, em uma péssima interpretação, um "tô grávida". Levou prêmios demais, na minha sincera opinião.

Gigante, de Adrián Biniez: O segundo Berlim da mostra estrangeira, mostrou porque era um dos fortes candidatos ao prêmio principal. A história de um segurança de supermercado que fica obcecado por uma empregada tem seu charme, ótima interpretação e um humor sutil. Destaque, claro para o protagonista Horacio Camandule, que é na verdade um professor de primário e não ator. Ele recebeu o prêmio de melhor ator estrangeiro e o filme levou melhor roteiro. Um ótimo filme que mostra uma retomada no cinema uruguaio.

Corpos Celestes, de Fernando Severo e Marcos Jorge: Talvez o segundo melhor filme brasileiro do Festival, mas não tão bom quanto Estômago. Apesar da bela estética que os diretores empregam no filme(e Marcos Jorge parece um dos poucos diretores a experimentar nesse ramo), Corpos Celestes se perde um pouco na sua imensidão. O primeiro ato, que vai até quase metade do filme é bem desenvolvido, mas deixa pouco espaço para o personagem adulto. Talvez, a história feizesse mais sentido, se o primeiro ato fosse inserido como quebra de linearidade, dentro do segundo ato. Nós agradecemos a nudez de Camila Holanda, mas ela é desnecessária dentro do contexto. Fico triste por dizer isso, já que sou a favor da nudez no cinema nacional. No mais, o filme é ao menos, diferente da maioria e vale muito a pena ser conferido.

Cobertura do 37º Festival de Cinema de Gramado



Como no ano passado, este ano participo da exibição dos concorrentes no Festival de Gramado, tanto latinos, quanto brasileiros. Começando no domingo, até o momento foram 6 filmes exibidos, dentre os quais, não assisti ao documentário brasileiro Cildo, em virtude de um churrasco com o pessoal do FL. Mesmo assim, nesse ano, a seleção de longas brasileiros tem deixado a desejar, como você confere agora:




Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Alea: Fora de competição o filme é considerado o melhor da cultura ibero latino americana. E não sem razão: No ápice da revolução cubana, ele contesta não somente o sistema capitalista, mas mesmo os problemas que a revolução socialista traz em seu ventre. E mesmo assim, foi exibido tanto em Cuba quanto na união Sovitética. Infelizmente, a sala praticamente vazia não agradou quem pretendia apenas conseguir um pedaço da global Dira Paes, homenageada da noite.




Quase um Tango..., de Sérgio Silva: A história de um homem que sai do campo em direção à cidade, depois de ser abandonado pela mulher, contava com Marcos Palmeira no elenco e o veterano Sérgio Silva por trás das câmeras. Resgistrado com ótima fotografia em câmeras digitais, o filme perde força em diálogos fracos e resoluções confusas, mas a competência dos atores gera carisma. Filme bom, mas poderia ser muito melhor. Vale ressaltar que a falta de nudez nos filmes do diretor pode representar uma perda da autoralidade e mesmo da independência de Sérgio.




A próxima estação, de Fernando Solañas: A crise no sistema ferroviário argentino após sua privatização, faz parte de uma série sobre a Argentina contemporânea do diretor. Apesar da longa duração, o curta pede um levante da população contra a falta de punição contra um governo agressivo e vendido. O tom irônico de certas passagens, mais a fotografia belíssima captam o espectador e o levam pra dentro da história cheia de incertezas e desgraças que não só nossos vizinhos, mas nós mesmos estamos passando.




A Canção de Baal, de Helena Ignez: Fomos avisados: esse seria o filme mais polêmico do Festival. Alguns amariam, outros odiariam. Faço parte daqueles que odiaram. Sem nexo, com diálogos teatrálicos e situações desnecessárias a diretora conseguiu extrair um sentimento dos presentes: o tédio. É o típico filme que as pessoas não dizem que não gostaram, por terem medo de serem taxadas de ignorante. Mas, não se engane: ele é ruim mesmo. Nos debates, quando confrontada, Ignez apenas repetia "não entendi...". Nós também não, Ignez.




A teta assustada, de Claudia Llosa: O melhor filme do Festival. Sensível, com uma bela fotografia, o ganhador do Festival de Berlim surpreende pela simplicidade, a calma e a excelência técnica que apresenta. A história mostra Fausta, uma peruana afetada pela doença imaginária que dá título ao filme, e que é transmitida pelo leite materno de mulheres estupradas durante a guerra. Aprisionada por esse medo e com a morte repentina de sua mãe, ela vai descobrir aos poucos que o medo é apenas uma escolha. Aplaudido com o entusiasmo da casas cheia, o filme é consagrado em Gramado como um dos melhores do ano.




Esse é o resumo dos 3 primeiros dias do Festival. Voltamos em seguida!

"Intervalo" no Gramado Cine Video


Como comentado alguns posts atrás, mandamos nosso curta finalizado para Gramado. A resposta saiu nesta semana:

Fomos selecionados para o Festival do Vídeo Brasileiro: Mostra Paralela!

Para um projeto de estréia, com recursos mínimos é um grande passo para a equipe.

A exibição ocorre na quarta-feira, 12 de agosto, das 9h às 10h da manhã. Quem quiser conferir está convidado. Na categoria Universitário Gaúcho, apenas mais um vídeo foi selecionado para a Mostra Paralela.

É isso aí! Aguardamos a presença de todos e quem sabe, ainda dá pra levar uma menção honrosa.

Valeu!