Aglomerando

Aglomerando - Agregador de conteúdo

Machete - Robert Rodriguez e sua incursão infindável pelos confins do cinema B


Machete - Robert Rodriguez e sua incursão infindável pelos confins do cinema B


Nota: 5 /10

Eua, 2010 - 107 minutos
Ação

Direção:
Robert Rodriguez, Ethan Maniquis

Roteiro:
Robert Rodriguez, Ethan Maniquis

Elenco:
Danny Trejo, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Robert de Niro
Machete é um punhado de retalhos cinematográficos que justificam o trailer falso de grande sucesso do qual é baseado. Da primeira a última cena entendemos (ou ao menos tentamos entender) a incursão do diretor, homenageando o cinema de MACHO, aquele cinema feito exclusivamente para agradar o ogro escondido em cada um de nós homens. Nessa tentativa de emular o cinema de locadora, constrói uma história que, acima de tudo, consegue captar a principal característica dessas produções: a chatice.

O filme mostra a história de um ex-agente federal mexicano, que após ser emboscado por um chefão do tráfico e perseguido por um senador dos Estados Unidos, decide dar o troco em sangue.

Robert Rodriguez é um dos diretores de Hollywood mais autorais em todos os tempos. Suas produções (tanto as que dirige e escreve, como aquelas em que apenas produz), levam um toque seu em cada departamento da Troublemaker Studios: efeitos especiais, maquiagem e até mesmo trilha sonora. Desde Drink no Inferno, divide com Quentin Tarantino produções de baixo orçamento e empreitadas diferentes e saudosas de 1900 e antigamente. Foi com Grind House que essa empreitada foi levada ao máximo, tendo um péssimo desempenho nas bilheterias, mas ganhando força no cenário cult. A diferença é que o A Prova de Morte de Tarantino contrasta drasticamente com o Planeta Terror de Rodriguez. O primeiro mantém as características que tornam Tarantino um ícone do cinema, enquanto o segundo perde a graça pouco depois da metade do filme, partindo para cenas de ação apelativas e enfadonhas que nos fazem pensar que o tempo foi simplesmente esticado indeterminadamente. Em Machete, a violência injustificada perde a graça depois de certo tempo, mas ao menos, as cenas de luta tem pequenos presentes aos fãs que permitem um tempo maior de prazer visceral.

Enquanto isso, o elenco liderado por Danny Trejo carece de profundidade. Não adianta dizer que esse tipo de filme não leva esse tipo de análise, pois A Prova da Morte consegue trabalhar seus personagens em 15 minutos, o suficiente para que nos importemos. Assim, sobram tramas e subtramas que descaracterizam o filme e os personagens já sem sal da história.

O fato de Rodriguez ter afundado nessa onda de filmes B me faz ter saudades do tempo em que Sin City participou com louros do Festival de Cannes e me faz perguntar: qual o problema do diretor em voltar a esse cinema que nos fez delirar nas cadeiras do cinema, com um visual e enredo originais, além de atuações esmeradas que reergueram atores? Não creio que a fonte da originalidade técnica do diretor tenha secado, jamais. Mas chega de tentar emular o cinema ruim e volte a fazer o cinema de verdade, pelo qual todos esperançosamente aguardamos.