Aglomerando

Aglomerando - Agregador de conteúdo

Piratas Pirados - A volta ao stop-motion dos estúdios Aardman

8,5 / 10


Lembro de quando era criança ser um fã das animações em massinha de Wallace e Grommit. Lembro nitidamente do episódio onde ambos viajam para a lua para comer queijo, porque como todos sabem, a lua é feita de queijo. É essa deliciosa lógica nonsense inglesa que tanto me conquistou através dos anos. Talvez  por essa ligação desde cedo com a cultura bretã, nunca entendi como algumas pessoas simplesmente não acham graça em Monty Python ou outros programas ingleses. Piratas Pirados e um desses filmes que ousam sair da zona de conforto infantil e apostar, mesmo que levemente, no politicamente incorreto, mesmo que isso signifique lidar com o desgosto de alguns pais que esperam um filme mais infantil e inocente para seus filhos.

O filme é baseado no livro The Pirates! Band of Misfits e mostra a história do Capitão Pirata, um atrapalhado capitão pirata que quer de uma vez por todas levar o prêmio de Pirata do Ano, concedido pelo Rei dos Piratas. Para isso, ele precisa fazer a maior pilhagem de tesouros dos sete mares, mas, com a sua tripulação de perdedores, essa não é uma tarefa muito fácil. Até que ele cruza o caminho de uma figura histórica que vai lhe ajudar a conquistar esse prêmio.

Com os mesmos diretores de Fuga das Galinhas, Peter Lord e Jeff Newitt e produzido pelo estúdio ganhador do Oscar Aardman (por Walace e Grommit - A batalha dos vegetais), Piratas Pirados é de uma beleza que só a animação em Stop Motion consegue trazer. As suaves paradas do processo de animação não impedem a fluidez ou a qualidade do filme, pelo contrário, trazem um certo charme. O roteiro de piadas rápidas, boas referências e leve humor negro carregam a história debochada, conseguindo um tipo de entretenimento e ponto de vista sobre piratas, diferente da sobriedade (pois é) de filmes como Piratas do Caribe, que depois de um ótimo começo, acabou por se transformar em uma franquia dispensável e desinteressante.

O universo criado em Piratas Pirados mostra um bando que valoriza a amizade mas não perde por pilhar saquear e matar se for preciso, mesmo que normalmente quem está em perigo sejam os próprios piratas. A presença de figuras históricas como a Rainha Vitória e Charles Darwin servem de elemento anárquico para criticar a sempre toda poderosa rainha e mesmo os escrúpulos de um dos maiores cientistas, que no fundo no fundo, era só um romântico inveterado. As dublagens inspiradas que contam com Hugh Grant, Martin Freeman (o novo Bilbo Bolseiro) e David Tennant (Dr. Who) colaboram pra transformar o filme em uma grande diversão que dá vontade de voltar a esse universo em busca de mais aventuras.

Nenhum comentário: